Ele estava internado em um hospital em São Paulo, onde fazia um tratamento de câncer. Alerj disse que vai declarar luto oficial por três dias.Picciani deixa esposa e cinco filhos
Morreu na madrugada desta sexta-feira (14) o ex-deputado estadual Jorge Picciani, de 66 anos. Ele estava internado desde o dia 8 de abril no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde fazia um tratamento de câncer na bexiga.
Picciani foi presidente da Assembleia Legislativa do RJ (Alerj) por vários mandatos.
Foi aliado do ex-governador Sérgio Cabral e chegou a ser investigado pela Lava Jato, por corrupção. Em 2019, foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região.
Dois filhos de Picciani - Leonardo e Rafael - também seguiram a carreira política.
O atual presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), já ofereceu a Casa para o velório e disse que vai declarar luto oficial por três dias.
Picciani era casado com Hortência Oliveira Picciani desde 2014.
O ex-presidente da Alerj deixa cinco filhos: o ex-deputado federal Leonardo Picciani; o ex-deputado estadual e ex-secretário municipal de Transportes do Rio, Rafael Picciani; o zootecnista e empresário Felipe Picciani; Arthur, de 10 anos, e o caçula Vicenzo.
Em uma rede social, Leonardo Picciani postou uma foto com a família e falou sobre o pai. Confira abaixo:
"Neste momento de partida do meu querido e já saudoso pai, em meio à tristeza que toma conta de toda a família, o sentimento é de reverenciar a memória de uma pessoa que sempre teve empatia pelo próximo e que, verdadeiramente, se importava com a vida do semelhante. Fez história na política do estado ao legislar em prol do melhor para a população do Rio, e se notabilizou como um homem de palavra. Picciani vai deixar grande saudade nos nossos corações. Vai em paz, meu pai! Que Deus o acolha nos seus braços!".
O governador do Rio, Cláudio Castro, e o prefeito Eduardo Paes lamentaram a morte do ex-deputado estadual.
"Recebo com pesar a notícia do falecimento do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Jorge Picciani. Expresso, neste momento, minha solidariedade à família e aos amigos", falou Castro.
"Quero aqui manifestar meu pesar, lamentar o falecimento do deputado Picciani, sempre tive com ele uma ótima relação, e especialmente, abraçar a família dele, os filhos dele, a mulher dele. Enfim, é uma pena que a gente tenha a morte de uma pessoa ainda muito jovem, mas que teve aí um processo difícil. Inclusive já falei hoje com o deputado Leonardo Picciani e com o ex-deputado Rafael Picciani", disse Paes.
Carreira
Jorge Picciani nasceu no dia 25 de março de 1955, em Mariópolis, no Rio de Janeiro. Era formado em contabilidade pela UERJ e em estatística pela Escola Nacional de Estatística.
Em 1990, Picciani conquistou o primeiro de seus seis mandatos como deputado estadual. Passou por todos os cargos importantes do Legislativo, até se eleger, por quatro mandatos consecutivos, presidente da Alerj (2003-2010). Em 2015, após ficar quatro anos afastado, voltou a ocupar o cargo.
É de sua autoria ainda a lei que garantiu vagões exclusivos para mulheres na hora do rush em trens e no metrô do Rio.
Picciani criou também a Comissão de Ética da Alerj – que levou à cassação quatro deputados –, a TV Alerj e a Escola do Legislativo.
Entre 2011 e 2014, se dedicou à vida empresarial e presidiu o PMDB-RJ.
Candidato nas eleições de 2014 a deputado estadual, Picciani recebeu 76.590 votos — a nona maior votação no Estado do Rio e a terceira do PMDB-RJ.
De volta à Alerj, reassumiu a presidência em 2015 e propôs um pacote de medidas de transparência e austeridade, entre eles a redução do auxílio-educação, que passou a ser estendida a alunos de escolas públicas.
Picciani também era pecuarista e desde o início dos anos 90 se dedicava à reprodução assistida de gado.
Prisões
Picciani foi alvo de duas grandes operações contra a corrupção na Alerj. Em novembro de 2017, a Operação Cadeia Velha prendeu o então presidente da Casa, além dos deputados Paulo Mello e Edson Albertassi.
Segundo as investigações, os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.
Um ano depois, já em prisão domiciliar, Picciani e outros nove parlamentares foram alvo da Furna da Onça, sobre o recebimento de propinas mensais de até R$ 100 mil e de cargos para votar de acordo com o interesse do governo.
O esquema teria movimentado pelo menos R$ 54 milhões, segundo a PF.
Ele e outros ex-parlamentares foram denunciados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em 2019, ele foi condenado há 21 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região.