quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

CHUVAS ARRASAM MUNICÍPIOS DA REGIÃO SERRANA DO RIO

FRIBURGO ARRASADA, CONTA MORTOS E PREJUÍZOS

Dilma promete "ações firmes" para ajudar vítimas das enchentes no Rio


Após visita de 45 minutos a Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, a presidente Dilma Rousseff declarou que o governo vai realizar "ações firmes" para ajudar as vítimas das enchentes. A presidente vai participar de uma entrevista coletiva no Rio.

Dilma chegou por volta das 13h30 à Rua Luís Spinelli, no Centro da cidade. No local, um prédio desabou parcialmente e uma viatura do Corpo de Bombeiros foi soterrada, matando três bombeiros.

Com galochas, a presidente percorreu a área acompanhada do governador do Rio, Sérgio Cabral, do prefeito em exercício de Nova Friburgo, Demerval Neto (PMDB), e de alguns ministros. No trajeto, ela conversou com um morador.

Estradas liberadas no sábado


O Departamento de Estradas e Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ) deve desobstruir até o próximo sábado as estradas estaduais afetadas pelas chuvas na Região Serrana. A previsão só não deve ser cumprida se as condições climáticas atrapalharem os trabalhos.

Para desbloquear as pistas, o órgão aumentou para 90 o número de operários na região e disponibilizou máquinas como retroescavadeiras, pás mecânicas e caminhões. Os equipamentos também estão à disposição dos municípios, ajudando na limpeza e na recuperação de pistas.

Pelo menos cinco trechos de estradas estaduais em municípios serranos estão interditados em função de transbordamento de rios ou risco de rolamento de pedras. Na RJ-134, entre Petrópolis e Teresópolis, caíram mais de dez barreiras.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Ministério dos Transportes, informa que está ajudando o governo estadual na desobstrução das estradas, principalmente nos municípios de Teresópolis, Nova Friburgo e São José do Vale do Rio Preto.

Para os três municípios, onde há ruas e bairros isolados por causa de deslizamentos de terra, o órgão cedeu caminhões basculantes, escavadeiras hidráulicas e retroescavadeiras. Na BR-495, entre Itaipava e Teresópolis, cinco retroescavadeiras de grande porte, além de caminhões, trabalham para remover 12 pontos de queda de barreiras. O trabalho deve terminar hoje (13).

A situação das estradas federais na região também continua complicada. A concessionária CRT, que administra a BR-116, informa que o trecho entre Teresópolis e Além Paraíba ainda está bloqueado por causa de deslizamentos de terra e alagamentos.

Os policiais rodoviários federais que ficaram isolados em função dos desabamentos na rodovia, ontem (12), foram resgatados, mas a PRF pede que os motoristas evitem pegar essa estrada. "A PRF orienta os motoristas que precisarem realmente pegar estrada a planejar sua viagem consultando as condições de tráfego pelo número 191", sugeriu a inspetora Rosângela Gomes.
TERESÓPOLIS ARRASADA
Do alto, Teresópolis parece ter deixado de ser uma cidade cercada pelo verde para assumir o tom avermelhado do barro que invadiu ruas, casas e praças. O que hoje parece ser o leito revolvido de um rio era, até a noite de terça-feira, um bairro de classe média cortado por um pequeno riacho. A força da água embaralhou casas, árvores, carros, toneladas de terra e vidas humanas. Quem perambula está à procura de parentes, em busca de abrigou ou carrega alguém da família, morto ou ferido. Quando o helicóptero da reportagem do site de VEJA se aproxima de um campo de futebol de onde decolou a aeronave da polícia, voluntários acenam, pensando ser a chegada de ajuda ou mais uma leva de corpos em direção ao Instituto Médico Legal da cidade.
À distância, a mata parece marcada por riscos marrons e avermelhados, feito calhas. De perto, a cor viva do sulco escavado na encosta mostra que aquela trilha é recente – e provavelmente não estava ali até dois dias atrás.
Não há como explicar, sem muita imaginação, a força capaz de despejar carros, paredes inteiras e pedaços de construções como quem revira um baú de brinquedos. Só se tem certeza de que tudo que o homem construiu virou cascalho diante da violência da correnteza.
Professor do departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Coppe/UFRJ, Paulo Cesar Rosman aventa uma hipótese plausível para explicar como árvores inteiras apareceram empilhadas ao lado de construções de alvenaria. “Não há dúvida de que a chuva nesses três municípios (Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo) foi de uma força descomunal. Mas, sozinha, a chuva não misturaria casas como se fossem de papel”, alerta Rosman.
Para gerar a energia necessária para tamanho estrago, é necessário acumular água e produzir o efeito semelhante ao estouro de uma barragem. “Entendo que na parte alta da cidade alguns deslizamentos podem ter interrompido o fluxo de água, formado uma retenção que represou o líquido e toda a lama da encosta. Quando este ‘dique’ se rompeu, lama, água, terra e pedras desceram com uma força destrutiva muito intensa”, analisa o professor.
O resultado do rompimento dessa barreira é um cenário incompresnsível: a torre de uma igreja repousa sozinha, como um tênue símbolo de resistência, no meio de uma ilha pastosa de cor escura. Não é mais possível saber se o terreno se deslocou, por onde o riacho passava ou o que havia ao redor do templo. Um pedaço de Teresópolis simplesmente deixou de existir.
(Por João Marcello Erthal, de Teresópolis)
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