Este fato aconteceu em 2012, mas relata bem o que infelizmente acontece em muitos locais pelo nosso país.
No interior de Goiás, o pastor Valdecir gostava de contar para seus seguidores uma história que marcou sua vida. Dizia ele que se encontrava em um bordel quando teve um amistoso encontro com Jesus, de quem recebeu uma missão: seria o responsável na terra pela “distribuição do leite sagrado”. Tal tarefa, de conteúdo divino, em razante explicação, consistia em espargir seu esperma para o maior número possível de mulheres, iniciando pelas fiéis de sua Assembleia até derramá-lo por todo o estado. Dizia, com ares de profeta, que seu pênis era abençoado, fonte que jorra leite e mel em abundância e quem dele fizer uso, receberá as benesses e os merecidos regozijos da vida terrena.
Sua fama se alastrou rapidamente, como Geraldo Viramundo, de Fernando Sabino. Logo no início da peregrinação, teve contato com algumas jovens. De forma convincente relatou suas proezas e as convenceu a praticar com ele sexo oral, com a promessa de que Deus somente poderia entrar em suas vidas pela boca. Hipnotizadas ou crédulas, não se sabe ainda, acabaram por ceder e receberam o leite sagrado prometido.
Em outra oportunidade, após o culto, em que pregou os segredos para se alcançar as veredas sombrias da vida, recolheu-se no fundo do terreno da igreja e se fazia acompanhar de algumas moças a quem pediu para fazer sexo oral até o espírito santo aparecer, que ocorria com a ejaculação. "Sou o pastor de vocês", reprisava como refrão de um hino religioso, "irei apascentá-las com meu néctar e nada lhes faltará, pois receberão com abundância todas as graças pedidas".
O estelionatário sexual não foi muito longe e a satisfação de sua lascívia foi refreada pela intervenção policial. Em razão de inúmeras denúncias recebidas das jovens que aguardavam as promessas milagrosas do homem do pênis abençoado que acabaram não acontecendo. Foi preso em flagrante delito, em verdadeiro flagrante mesmo, pois esfregava seu pênis no rosto de uma comerciante, convencendo-a a receber o líquido divino que nela seria derramado com a finalidade de proporcionar um aumento expressivo de suas vendas.
Questionou os policiais e os advertiu do ato equivocado, pois prendiam um servo do Senhor e por isso iriam se arrepender pelo resto da vida. Um dos agentes, jocosamente, desejou ao pastor que continuasse seu belíssimo trabalho dentro da prisão. A ordem de prisão foi dada por uma delegada de polícia, o que confortou e em muito o conduzido. No trajeto até a unidade policial, sem qualquer resistência, de forma desavergonhada, após certificar-se que se encontrava a sós com a diligente delegada, teve a ousadia, e acredito que foi a última, de convidá-la para fazer parte do reino dos céus.
Eudes Quintino Sociedade de Advogados