O combate da Covid-19 surtiu um efeito positivo no controle de doenças respiratórias. Dos causadores de resfriados àqueles que provocam pneumonias letais, todos os vírus respiratórios comuns no Brasil até o ano passado praticamente desapareceram em 2020. E o motivo, dizem especialistas, são as medidas de distanciamento social, hábitos de higiene e máscara contra o coronavírus Sars-CoV-2.
Os casos de influenza, coronavírus brandos (HKU1, 229E, NL63, OC43), vírus sincicial respiratório, parainfluenza, adenovírus, rinovírus, metapneumovírus e outros causadores de infecção respiratória, até 2019 muito comuns, despencaram em 2020, afirma o vice-chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, Fernando do Couto Motta.
— Nunca vimos isso ocorrer desde que foi estabelecida a rede nacional de vigilância de influenza, em 1999. Todo ano a gripe mata em torno de 2 mil pessoas no país. Este ano isso certamente não vai acontecer — destaca Motta.
Dados do InfoGripe/Fiocruz mostram que, até setembro, o Sars-CoV-2 foi a causa de cerca de 99,2% das mortes e 97,4% dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil. A influenza, que até 2019 matava cerca de 6 mil pessoas por ano no Brasil, em 2020 atingiu até agora 1.672 (somadas influenza A e B).